Mescalina

A mescalina é uma droga psicadélica usada recreativamente como um alucinogénio e usada com propósitos espirituais em cerimónias religiosas pela Igreja Nativa Americana [1].
Cato Peiote

A principal via de exposição é a oral, comumente, através da ingestão direta de "botões" de Peiote ou ingestão de infusões [1, 2].
Cada "botão" contém aproximadamente 45 a 50 mg de mescalina e, normalmente, são ingeridos 6 a 12 "botões" para obter um efeito alucinogénico [2].
Também conhecida como
3,4,5-Trimetoxifeniletilamina ou, simplesmente, Peiote.
O QUE É?
DE RISCO
COMUNICAÇÃO
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Após a ingestão, ocorre uma fase inicial transitória de náusea, vómito e cólicas abdominais [2, 3].
Aumento da pressão sanguínea
Aumento dos batimentos cardíacos
Aumento da temperatura corporal
Transpiração pesada
Tonturas
Dilatação das pupilas
Boca seca
Rigidez muscular
Tremores
Ansiedade
POUCO TEMPO APÓS A INGESTÃO DE PEIOTE [1-3]
Despersonalização
Alteração da autoconsciência
Euforia
5 mg/kg
de mescalina para produzir efeitos alucinogénicos [3]
OUTROS SINTOMAS
QUAIS
SÃO OS
EFEITOS PSIQUÍCOS?
FORTES ALUCINAÇÕES
VISUAIS e AUDITIVAS
DISTORÇÕES PERCETIVAS
do TEMPO e ESPAÇO
Tempo até ao aparecimento dos sintomas, por via oral [1]

30
minutos
2
horas
Pico dos efeitos psicadélicos [1]
10-12
horas
Desaparecimento dos sintomas [1]
HÁ EFEITOS A LONGO PRAZO?
Estudos sugerem que o consumo crónico de mescalina não provoca efeitos psicológicos e cognitivos de longo prazo [4]. Ao contrário do alucinogénio LSD, a ocorrência do distúrbio da perceção alucinogénia persistente associada ao uso do Peiote, em contexto religioso, parece ser rara [1, 5].
A mescalina não desenvolve dependência física com o uso crónico, contudo os utilizadores podem desenvolver dependência psicológica [2].
A mescalina é considerada uma substância com potencial teratogénico [3].
Fármacos que influenciam o sistema circulatório, coração, ou têm efeito estimulante
Fármacos com efeito a nível dos recetores de serotonina no cérebro
ANTIDEPRESSIVOS
ANTIPSICÓTICOS


MESCALINA
INTERAÇÕES
[6]
Não há estudos bem definidos acerca das interações da mescalina com outras substâncias. No entanto, dada a natureza dos sintomas ocorridos após exposição, é expectável que a mescalina tenha interações com estas classes de fármacos.
Para mais informações, consulte o TRIPSIT.

O que fazer em caso de intoxicação?

Ligue 808 250 143

Apesar da mescalina não provocar diretamente a morte por intoxicação, as alucinações associadas ao aumento da instabilidade emocional e ansiedade aumentam o
risco de morte traumática [3,5].
Acompanhamento clínico [2,7]
Não existem antídotos para o tratamento da intoxicação por mescalina, contudo existem determinadas medidas que visam o tratamento sintomático da mesma.
Primeiramente, assegurar que o paciente permanece num espaço silencioso, de forma a diminuir a ansiedade.
Caso o paciente não responda positivamente à medida anterior, devem ser administradas benzodiazepinas (diazepam e midazolam) para aliviar os ataques de ansiedade ou de pânico.
O uso de carvão ativado poderá ser considerado quando há ingestão recente (30 a 60 min.) de grandes quantidades.
Se necessário, administrar haloperidol (antipsicótico) para reduzir a agitação e psicoses.

ADOLESCENTES
Normalmente, o consumo de drogas ilícitas inicia-se na adolescência e uma das principais razões para o seu uso é a busca pela sensação de bem-estar.
O Peiote (mescalina) pode atrair os adolescentes que procuram alterar o seu estado emocional, uma vez que este altera as sensações e a perceção da realidade.
Uma investigação nos EUA concluiu que os adolescentes com historial de depressão são mais propensos ao consumo de alucinogénios [8].
Fatores como:
-
Conflitos familiares;
-
Insucesso académico;
-
Problemas na justiça;
-
Condições físicas e/ou mentais alteradas;
estão frequentemente associados aos adolescentes que recorrem a substâncias ilícitas [8].
Igreja Nativa Americana
Apesar do uso do Peiote ser ilegal nos EUA, este continua a ser utilizado legalmente pela Igreja Nativa Americana em rituais religiosos e terapêuticos [1]. Ainda que alguns estudos definam como seguro o uso deste cato em contexto religioso, a possibilidade de ocorrem determinadas situações coloca os nativos numa categoria de risco: (1) a ingestão de "botões" mal conservados pode levar a situações de botulismo (doença paralisante progressiva) [1]; (2) o uso de doses mais elevadas com o objetivo de atingir um diferente "nível espiritual".

GRUPOS DE RISCO
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mais informações
O Relatório Europeu sobre Drogas 2018: Tendências e Evoluções serve de análise às situações de cada país em relação a drogas e novas tendências, através de dados estatísticos. A mescalina não consta neste relatório, o que significa que não apresenta quaisquer dados estatísticos relativamente ao seu consumo ou utilização na Europa.
Contudo, apesar da mescalina parecer uma realidade distante na Europa, a existência de lojas online (por exemplo que disponibilizam para venda sementes de cato Peiote) e o fenómeno da globalização virtual podem facilitar o acesso desta substância.
Referências bibliográficas
[1] Dinis-Oliveira, R. J., & Pereira, C. L. (2018). Pharmacokinetic And Pharmacodynamic Aspects Of Peyote And Mescaline: Clinical And Forensic Repercussions. Current molecular pharmacology. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30318013)
[2] Slothower, J. D., & Wiegand, T. J. (2014). Mescaline. (https://doi.org/10.1016/B978-0-12-386454-3.00747-8)
[3] 3,4,5-TRIMETHOXYPHENETHYLAMINE - Toxnet. Disponível em: https://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search2/r?dbs+hsdb:@term+@DOCNO+7503. (Acedido em: 18/05/2019)
[4] Halpern, J. H., Sherwood, A. R., Hudson, J. I., Yurgelun-Todd, D., & Pope Jr, H. G. (2005). Psychological and cognitive effects of long-term peyote use among Native Americans. Biological psychiatry, 58(8), 624-631. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16271313)
[5] Nichols, D. E. (2004). Hallucinogens. Pharmacology & therapeutics, 101(2), 131-181. (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14761703)
[6] Mescaline. Disponível em: https://www.drugs.com/illicit/mescaline.html. (Acedido em 25/04/2019)
[7] Olson, K. R. (2006); Poisoning & Drug Overdose (p.249). McGraw-Hill Companies.
[8] Fonte: National Institute on Drug Abuse; National Institutes of Health; U.S. Department of Health and Human Services. Disponível em: https://www.drugabuse.gov/publications/drugfacts/hallucinogens. (Acedido em: 18/05/2019)